FC PORTO 0 - 0 SPORTING
Clássico sem golos no Dragão
Competição: Liga Sagres (19ª Jornada)
Local: Estádio do Dragão, Porto
Árbitro: João Ferreira
FC Porto: Helton, Pedro Emanuel, Bruno Alves, Rolando, Cissokho (Tomás Costa, 71 m), Fernando, Raul Meireles, Lucho (Farias, 83 m), Rodriguez, Hulk e Lisandro (Tarik, 87 m).
Treinador: Jesualdo Ferreira
Não utilizados: Nuno, Stepanov, Mariano, Tomás Costa e Madrid
Disciplina: Cartão amarelo a Hulk (45 m), Raul Meireles (81 m) e Rodriguez (90 m)
SPORTING: Tiago, Pedro Silva, Polga, Carriço, Grimi (Caneira, 28 m), Rochemback (Adrien, 83 m), Pereirinha, Moutinho, Izmailov (Djaló, 68 m), Derlei e Liedson
Treinador: Paulo Bento
Não utilizados: Ricardo Batista, Tonel, Tiuí e Romagnoli
Disciplina: Cartão amarelo a Derlei (35 m), Polga (35 m), Rochemback (61 m) e Tiago (90 m)
Ficou a prova científica de que três dias de descanso não chegam: setenta e duas horas depois do FC Porto-Sporting, é provável que poucas das 48 mil pessoas ontem presentes no Dragão estejam já em condições de assistir a outro jogo de futebol, esgotadas por tanta ousadia e bravura demonstradas, acima de tudo, pelos dois treinadores - sem dúvida, qualquer um deles mais fatigado pela jornada europeia a meio da semana do que os jogadores. Um achou bem manter os quatro pontos de atraso que trazia; o outro não viu mal nenhum em perder mais dois em casa. Já são onze, mas quem está a contar?
A escolha entre Pedro Emanuel e Tomás Costa para a vaga na direita da defesa disse tudo sobre a disposição de Jesualdo Ferreira para investir no jogo de ontem. Dos dois, escolheu o que garantidamente ficaria atrás da linha do meio-campo. Para preencher o vazio, voltou a empenar os médios, empurrando Lucho ainda mais para a direita do que o habitual e entrando num jogo de compensações que, fatalmente, desvirtuaria o futebol tradicional da equipa. Foi o que achou melhor, por razões que lhe cabem, e não sem ter um plano de refúgio, inviabilizado à última hora pela lesão de Cissokho (72') quando Tomás Costa já estava na linha lateral para entrar, talvez em substituição de Pedro Emanuel para um quarto de hora de bola como deve ser.
Talvez fosse suficiente, talvez não. À cautela, Paulo Bento abordou o clássico como se o FC Porto fosse o de terça-feira passada, em Madrid. Recuou tudo o que o decoro permitia, fez um garrote em volta da defesa e do meio-campo, juntando-os o mais possível, e esperou pelo erro sem fazer grande coisa para o promover. O foco estava em roubar espaços ao FC Porto, mais do que em tornear uma defesa adversária de boa reputação que, normalmente, não garante golos a equipas que só os queiram se forem de borla. O "plano" rendeu-lhe uma verdadeira hipótese de golo, quando Liedson acertou na barra (39') num episódio irónico, porque o erro que o permitiu foi um lance perdido de cabeça pelo central (Pedro Emanuel) que Jesualdo instituiu como lateral-direito.
Bem menos privilegiado no espaço que tinha para jogar, e possivelmente confundido pelo novo esquema enviesado, o FC Porto, apesar de tudo, atacava e fornecia ao Sporting abertura para atacar também. Mas os passes, por canais mais apertados ainda do que o habitual, saíam com a precisão do costume, que tem, com frequência, prejudicado o rendimento do tri-campeão. Ontem, o dado novo era a demografia do Sporting: na região de cada passe falhado havia sempre mais jogadores do adversário e, sobretudo, jogadores com melhor capacidade técnica para os captarem. Para cúmulo, sem um lateral-direito atacante que o esticasse, o campo reduzia-se.
O conceito de Jesualdo Ferreira contaria, eventualmente, com o célebre efeito do cansaço. O projecto talvez fosse concentrar o armamento nos últimos quinze minutos, quando o Bayern pesasse, de facto, nas pernas dos leões, como efectivamente pesou. Acrescente-se que, tal como a falta de um lateral-direito mancou o FC Porto, a lesão de Grimi (29´) fez o mesmo ao Sporting, quem sabe salvando Pedro Emanuel de uma verdadeira provação. Por isso foi uma surpresa quando Paulo Bento recorreu, enfim, ao banco para de lá tirar Djaló e colocá-lo… ao centro, por detrás de Liedson e Derlei.
Apesar da lesão de Cissokho, que transferiu a amputação da direita para a esquerda (foi Pedro Emanuel quem mudou de flanco), Tomás Costa teve algum impacto no rendimento do FC Porto, superior nesse período, a meias com a tal fadiga que o Sporting acabou por denunciar. Mas era uma superioridade estéril. As boas jogadas de Rodríguez desembocavam sempre numa barafunda de jogadores do Sporting, aglomerados na área; Hulk, ele próprio estourado e perseguido por dois e três adversários em permanência, começou a parecer uma criança ensonada e birrenta - isto sem que a equipa de Paulo Bento permitisse o abandono da defesa ou que houvesse, de qualquer dos lados, vontade real de tentar quebrar aquele zero a zero, afinal, tão desejado.
(Crónica: Jornal O Jogo)
AVALIAÇÕES DA IMPRENSA
O que dizem os jornais sobre a prestação de Miguel Veloso
:: O médio Miguel Veloso não foi opção para esta partida devido a lesão.